domingo, 6 de março de 2011

Avô

Já são muitos anos...eu sei. Sei que o inevitável aproxima-se.
Mas dói-me ver-te desta forma. Sinto-me impotente face à tua imobilidade.
Tal como nós nos consciencializamos que não haverá retorno, tu também tens de te consciencializar. Já não dá mais para lutar contra algo que vai acontecer. As forças acabaram, as palavras gastaram-se...tudo foi avô. Não adianta estares revoltado e acusares os outros, o que te aconteceu a ti poderia ter acontecido a qualquer outro. Apesar de há anos viveres nesse sofrimento lento, foi a partir do Domingo passado que tudo se aproximou do fim. Já não tens força nas pernas, já não tens paciência, já não associas o que é bom e o que é mau, já não percebes que os outros também sofrem.
Eu afasto-me, não é por não te amar...simplesmente via-te como um homem forte e esse retrocesso faz-me confusão. Tu que sempre foste o homem mais independente à face da Terra, vives agora dependente dos outros, isso custa-te. O homem que sempre tratou da casa, que sempre foi superior...acabou.
Apesar de nem sempre estares consciente do que fazes, disseste uma frase que eu não me esqueço :
" As forças foram, é o fim".
Acabou, de facto.Mas independentemente de tudo o resto estou contigo e hei-de relembrar-te como um ser prestável e humano, muito humano. Deste-me muito, sem te aperceberes.
Obrigada avô, por tudo mas essencialmente por teres feito da minha mãe, uma pessoa muito feliz e que te ama acima de qualquer outra coisa.
Todos esperamos, não que vás embora, mas que partas sem dor.

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