domingo, 9 de janeiro de 2011

Cabo de alimentação

A música alimenta-me, a música dá-me uma liberdade tão óbvia e tão genuína que me sinto completamente cega por ela. Estou a acabar o curso, e quando me perguntam o que quero fazer depois deste terminar eu penso sempre " Quero e vou cantar", mas nunca digo isto. Porquê? Porque as pessoas acham absurdo, porque as pessoas não estão habituadas a que se faça uma vida disso mesmo. Quando canto sinto que é aquilo que quero fazer para o resto da minha vida, sinto que nada nem ninguém é melhor que eu naquele momento, isto porque sou transportada para um mundo em que poucos se podem gabar de ter lá estado. Eu escrevo as minhas músicas, tento criar melodias para elas, tento com que a música seja parte integrante da minha vida todos os dias, e eu não tenha de explicar a ninguém o porquê de eu gostar de fazer o que faço. Eu não tenho culpa que o nosso povo não saiba interpretar o mundo das artes, não tenho culpa de sermos um povo que renega tudo isso. Mas recuso-me a fazer algo a minha vida inteira que não goste. Mais importante que o dinheiro é a felicidade. A felicidade que eu sinto quando faço algo que realmente prezo. A felicidade de aprender, de crescer, de ganhar batalhas. Não gosto é que me imponham "felicidades", porque eu farei o que amo na vida. Muito provavelmente, e já me consciencializei disso, terei de ir para fora do país, porque este não é para mim. Não tenho grandes sonhos, todos sabem que não, apenas quero cantar, mas aqui parece-me impossível. Gosto muito de música, e agradeço à minha família por desde nova me terem colocado a ouvir coisas como Pink Floyd Supertramp e Rui Veloso, porque foi esses estilo que marcou a minha cultura, e hoje sei que são muito raras as pessoas que ouvem boa música, muito raras mesmo.
Este mundo que anda numa constante actualização e modernização, não é para mim. Detesto esses desperdícios de dinheiro em coisas supérfluas. Em vez de investirem nas pessoas, investem em máquinas. Não sou eu que estou errada, pois cada vez mais se cortam as relações interpessoais, para se introduzirem objectos capazes de nos substituir. É quase impossível gostar de estar aqui. O que me agarra, a maior parte das vezes, é a família e amigos. Nada mais.
Hei-de triunfar à minha maneira, sem meios intermediários para tal. Apenas eu e as pessoas.

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